Senegal é um modelo de convivência religiosa pacífica, diz dom Gallagher
- 11/04/2025
O secretário para as Relações com os Estados e da Santa Sé enviou uma mensagem aos participantes do simpósio sobre diplomacia religiosa, em Dacar

O Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano, Arcebispo Paul Richard Gallagher / Foto: Reprodução Reuters
Da redação, com Vatican News
O Senegal confirma-se como um exemplo de “convivência pacífica entre pessoas de diferentes tradições religiosas e culturais” num mundo que “precisa desesperadamente de uma paz duradoura”, em que as diferentes confissões religiosas podem dar sua contribuição indo “além da visão da diplomacia limitada a trocas governamentais ou acordos políticos”. É o que sublinha o secretário para as Relações com os Estados e as Organizações Internacionais da Santa Sé, dom Paul Richard Gallagher, numa mensagem enderreçada aos participantes do simpósio internacional organizado pela Universidade Cheikh Anta Diop de Dacar, principal universidade da capital senegalesa, realizado nos dias 7 e 8 de abril.
Impossibilitado de participar pessoalmente devido a dificuldades de agenda, dom Gallagher enviou uma mensagem para agradecer ao Senegal por seu compromisso em promover a coexistência religiosa a serviço da paz, detendo-se no que a Santa Sé quer dizer com “diplomacia religiosa”.
Incentivar o diálogo inter-religioso
“A convivência pacífica entre pessoas de diferentes tradições religiosas e culturais é uma realidade significativa no Senegal”, afirma o arcebispo, prestando homenagem ao Califa de Bambilor, na região de Dacar, Thierno Amadou Ba, figura altamente respeitada no país por seu compromisso com a paz e o diálogo, que visitou o Vaticano em 22 de fevereiro passado. Na ocasião, dom Gallagher lembrou que o Senegal é “um modelo exemplar de convivência religiosa pacífica”. O arcebispo, em sua mensagem, elogia o país africano, onde “muçulmanos, católicos, protestantes e seguidores de religiões tradicionais convivem em notável harmonia dentro da mesma família”, situação que “incentiva o diálogo inter-religioso e merece ser preservada”.
Religião, o “pilar” da paz
“O mundo tem uma necessidade desesperada de uma paz duradoura, que não significa uma cessação temporária da violência”, reiterou dom Gallagher. Neste contexto, a Igreja Católica está comprometida em demonstrar que a religião não é um “obstáculo para a paz”, mas um “pilar” fundamental dela. Segundo o arcebispo, a contribuição das várias confissões para a diplomacia envolve “ir além de uma visão limitada a trocas entre governos ou acordos políticos”. A diplomacia religiosa, de acordo com a visão católica, baseia-se “nas perspectivas éticas e morais oferecidas pelas tradições religiosas” e visa influenciar as relações internacionais não por meio do poder político ou militar, mas pela capacidade de “tocar os corações e as mentes dos indivíduos”.
Um “novo impulso” para o futuro
O simpósio, que reuniu embaixadores e representantes de diferentes confissões religiosas, teve como objetivo “estruturar uma reflexão acadêmica e espiritual sobre o papel das religiões na construção da paz e na mediação de conflitos”, conforme o convite oficial da universidade. A mensagem do secretário Vaticano foi lida pelo Núncio Apostólico em Dacar, dom Waldemar Stanisław Sommertag. “As pessoas aqui estão muito atentas ao que a Igreja diz”, explicou dom Sommertag, sublinhando que esta conferência representa “um novo impulso para o futuro”. O núncio também se referiu à intenção do Califa de Bambilor de “voltar a Roma” e lembrou que, pela primeira vez, em 1º de fevereiro, ele foi convidado para a Ziarra de Bambilor, uma cerimônia religiosa muçulmana que reúne milhares de fiéis todos os anos.
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